segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Beautiful Stranger


Surpresa - é quando o inesperado acontece.


Me aconteceu algo bem inusitado no mês de setembro. E eu queria compartilhar isso aqui no blog antes mas fui postergando pela falta de tempo. Setembro foi um mês movimentado, minha afilhada tinha acabado de nascer (24/08), teve a minha formatura (10/09), e diversos encontros sociais, festinhas, baladas (Arg.."balada" é uma palavra tosca!) e tals.


Dia 28 de setembro foi aniversário da minha melhor amiga, mas como caiu numa segunda-feira combinamos de comemorar no fim de semana. Então saímos sexta-feira, mó galera, rumo à Lapa cheios de gás pra se divertir, e "bebemorar" por mais um aninho de vida juntos. E sabe aquela noite onde tudo acontece? Pois é, com direito a crise de ciúme, muita cerveja, vodka, cantada na menina da barraquinha de cachorro quente, risos, caçada ao banheiro, dancinhas, discussões, xingamentos, abraços, choro, beijos, fotos e mais... (rs)


Mas justamente quando eu pensei que tinha acabado foi que a festa começou. Voltando pra casa de buzão, exaustos, em plena madrugada, o dia já quase amanhecendo e o inesperado se deu...

Eu + um rapaz que nunca tinha visto antes, my beautiful stranger.


Quando percebi ele tinha entrado no ônibus com alguns amigos, aproximou-se, tivemos um breve diálogo, risos e um beijo. Um beijo daqueles que não se espera, sabor do pecado.

Nem nos meus mais recôndidos devaneios conseguiria imaginar tal cena. Perigoso e divertido! Esse é o tipo de coisa que faz parte das nossas fantasias mais íntimas, mas que geralmente não se realiza.


Mas aconteceu: voltando da Lapa, numa quase manhã de sábado, no fundo do ônibus, um lindo estranho e um beijo.


O curioso é que mesmo sem jamais tê-lo visto descobri que o meu Don Juan mora no mesmo bairro que eu. Nós não trocamos telefone e nem mesmo me lembro o seu nome. E de forma ainda tão inesperada reencontrei os amigos dele no dia seguinte.

Eu estava com as minhas amigas a procura de um quiosque de comida japonesa recém-inalgurado na beira da praia, quando um dos rapazes nos reconheceu. Felizmente ou infelizmente o meu Don Juan não estava (o dia seguinte é sempre duvidoso, né?).

E assim nunca mais nos vimos, nem sei se o reconheceria se o visse.

Ele, my beautiful srtanger, a lembrança que restou daquela noite na Lapa. A minha melhor viagem!


E tudo acabou no meu ponto de descida...
Fim de linha...
The End!






sábado, 24 de outubro de 2009

Adeus!

Rio, sexta-feira, 23 de outubro de 2009.




“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”


Eu não sei explicar muito bem o que acontece, mas de alguma forma eu não consigo me desvencilhar dessa frase. Sinto-me compromissada com ela. E dessa forma me ligo também a você.


Eu precisava de num dia desses longe de qualquer interferência, poder te olhar nos olhos e dizer tudo o que se passa dentro de mim.

Sinto que precisamos, ou talvez apenas eu precise, desse acertar de contas. Expor-te as minhas idéias, te dar a chance de falar, nos dar a chance de seguir sem mágoas, sem dívidas.

Porque como as coisas foram acontecendo e deixamos levar, parece-me que sobraram farpas e eu gosto de tudo plano, límpido, bem acabado.


“As pessoas não passam em vão...”


Você foi importante, me fez bem ... e eu sou grata, sabe?

Eu não me esqueci disso. Eu não deletei o teu cuidado, o teu carinho, os teus mimos... Eu guardo boas lembranças da nossa convivência. Eu guardo um bem-querer por ti, que eu tento preservar desses nossos desencontros, desencantos, desacordos de idéias e conduta. Eu tento resguardar o que foi bom. Eu tento só guardar o que foi bom. Eu tento não ser desumana, desonesta contigo.


Ahh, eu precisava te ver, te falar...

Eu precisava te entregar as tuas coisas e te abraçar um abraço amigo...nos despedirmos, sabe?

É que por mais que eu me esforce eu sinto que algo se quebrou. Que não dá mais pra ser aquele lance bonitinho que era antes...

Soa-me falso agora, e pode ser que não seja, mas eu não consigo mais...Então seria falso ou forçado da minha parte, e você não me merece pela metade. A gente tem que dar amor (qualquer forma de amor) por inteiro.

E a desconfiança nos destrói, mina a nossa chance de construir algo belo e sólido.


Ahh, eu só queria agradecer...

Só precisava falar que não te abandonei...

Só precisava garantir que somos adultas para tocar o barco, e ver que estamos remando em marés opostas...você percebeu?


Seja feliz, por favor!

Faça as pessoas a sua volta felizes, por favor!

Eu acredito nisso: que você pode, que você consegue se você quiser.


Olha meu bem, a gente se esbarra qualquer dia desses, e se você ainda quiser aquele abraço, eu não vou te negar.


E agora vamos em paz?

Adeus!


CNES.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Primeiro Minuto.


E se desde o primeiro minuto pudéssemos prever o que será dali pra frente?

E se no primeiro “oi” ou “bom dia” pudéssemos prever que esse hábito constante faz falta quando não acontece? E se a primeira vista tivéssemos noção do amor, da amizade, do carinho que irá brotar ali?

Seria como comer o bolo antes da festa?

Como ver o vestido da noiva antes de entrar na igreja?

Será que estragaria a surpresa?


Hoje eu tomei um grande susto:

Aquelas mesmas pessoas que eu conheci no início do curso, com quem eu só conversava sobre calculo de medicamentos, anatomia ou sobre o tempo (sol demais, chuva chata, céu cinzento)...essas pessoas são importantes pra mim.

E isso nada tem a ver com baixar a guarda, dizer ou não dizer que também ama ou qualquer filosofia barata que vinha me apurrinhando a idéia todo esse tempo.

As relações humanas vão tão além do que a gente imagina ou possa prever. Ainda bem!

E desse modo, é possível que num dia qualquer, numa hora improvável, nos demos conta de que o amor se apossou da gente.


E agora estou aqui, extasiada por mais um encontro, convicta da necessidade dessa gente e me perguntando: - E se a gente soubesse desde o primeiro minuto?


"...Toquem o meu coração...Façam a revolução..."

terça-feira, 28 de julho de 2009

E agora José?


Então é isso, concluí o curso de técnica em enfermagem. Agora é aguardar a formatura, o certificado, o trabalho e vamos a luta. Está feito!

E sim... Eu estou feliz, aliviada, orgulhosa de ter conseguido. Sobretudo ao recordar quantos ficaram pelo caminho, tomaram novos rumos. E eu consegui! o/

Naturalmente rola aquela massagem no ego de tarefa cumprida, etapa vencida e tudo mais. Porém, junto dessas sensações vem aquele vazio de “e agora José?”

Aquelas pessoas, aquela rotina, aqueles lugares...o que a gente faz da ausência que fica?


Sabe o que eu achei mais bacana?

A convivência.

Este grande desafio da humanidade: conviver com o diferente, olhar o outro para além das aparências, não pré-julgar, respeitar, aceitar, harmonizar...


Quem disse que é fácil?

Não é.

E nisso está o mérito de todas nós, uma classe predominantemente feminina, e talvez por isso tão competitiva. Sobrevivemos!



"A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens: não há senão um verdadeiro luxo e esse é o das relações humanas."

Antoine de Saint-Exupéry.



E agora eu não desejo mais parar.

Eu preciso de férias sim, descansar o corpo e a mente, apertar o pause. Mas acho que tenho medo:



"Eu nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir."

Clarice Lispector.



Ficar em casa me aborrece. Estou sempre me chateando com os problemas dos outros e tendo de resolver pepinos que não são meus. Tudo isso me impulsiona a querer cada dia mais construir uma vida própria, na qual mãe, irmãos, tios, avó, sobrinhos tenham de pedir licença para entrar.


É egoísmo? Você acha?


Sabe quando nos damos conta de que crescemos?

Quando o nosso quarto (que era o mundo dentro do mundo) se torna pequeno demais pra gente.

E eu tenho me sentido assim: como uma gigante dormindo em cama de anão. Tendo que medir os gestos, controlar os modos para não invadir espaços alheios e cada dia mais perdendo território, perdendo o meu espaço. Não me sinto a vontade em casa e fico arrumando desculpas pra sair, pra ver outros mundos.

Será que é egocentrismo desejar novos rumos, nova vida, novas descobertas...pensar em mim um pouco mais?


Acordei confusa hoje.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Altroísmo ou Masoquismo? Eis a questão!!

As pessoas costumam dizer, poeticamente, que o bonito é “Amar sem esperar nada em troca”. Ahh sim são essas belas palavras. Deveras quando você ama deseja ver  aquela pessoa feliz de todas as maneiras. E para isso você não mede esforços, mostra-se compreensiva, carinhosa, dedicada e tudo mais. Chega uma hora, no entanto, que não ser correspondida deixa de ser um mero detalhe, e passa a ser um grande problema. Porque se depois de tanta doação, se alguém suga toda a sua energia e não devolve-lhe NADA. Então é chegado o momento de seguir em frente, recolher os caquinhos e se reconstruir. Porque sofrer por amor é normal, mas permanecer sofrendo é uma ESCOLHA. E não há nada de errado em uma vez ou outra você optar por VOCÊ MESMA, se pôr em primeiro plano. É questão de sobrevivência!
Porque há uma enorme diferença entre ALTROÍMO e MASOQUISMO!

domingo, 5 de julho de 2009

The King of Pop!

Rio de janeiro, domingo, 28 de junho de 2009.

Existem aquelas pessoas que despertam na gente a idéia de que são seres eternos, seres que nunca morrem. Então quando você liga a TV e ouve uma notícia como essas, o anúncio da morte de uma pessoa que você acreditava fazer parte daqueles seres especiais e eternos, tudo parece tão indevido e injusto.

Existirá sempre uma neblina em torno da morte de Elvis, Elis, Raul...E agora Michael. Ainda hoje não consigo me referir a essas pessoas no passado. Haverá sempre quem louve o som de Elvis, ouça e chore ouvindo Elis cantar “atrás da porta”, grite num show: “Toca Raul!”, e imite os passos de dança do Michael. Eles fazem parte daquele seleto grupo de seres especiais e eternos. Não morrem nunca!

A música é parte das minhas necessidades vitais, está sempre presente, enredando os meus momentos, as minhas memórias.

Com o Michael Jackson tenho uma relação especial e pueril. Como muitos outros eu também imitava seus passos quando criança. Nasci nos anos 80, ouvi, cantei, dancei, muita das suas músicas.

Não quero entrar no mérito pessoal, não me importam agora os escândalos, a vida sobressaltada, as suspeitas sobre o indivíduo. Falo do garoto que aos cinco anos cantava “I'll Be There” nos Jackson Five. Falo do revolucionário criador de “Thriler”. Do sensacional cantor de “Billie Jen”. Falo do King of Pop. Porque Michael é tudo isso. Um cara que merece ser louvado por suas conquistas. Michael está além, viverá pra sempre em Neverland!

Never stop the music!!!


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Que livro é você?

Descubra. Faça o teste!

"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector

Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também
"A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Imperialismo do gozo!


Um parecer real e sério sobre o assunto?

Durante muitos e muitos anos as mulheres questionaram e buscaram a sua liberdade sexual. Viviam reprimidas por uma sociedade machista e lutaram para ter a autonomia do seu corpo. Nada mais justo. Uma causa digna e louvável.

Tudo ia bem... até que banalizou. Até que chegamos a um estado de urgência sem precedentes. Uma liberdade que beira a vulgaridade, o excesso. Nesses novos tempos o sexo, o amor, os sentimentos perderam o seu valor. São valores toscos, antiquados, dispensáveis.

E eu me dou o direito de ser diferente. Revolucionar!

O domínio agora é outro. TEM QUE FAZER!!!

A menina hoje quando chega aos seus 13 anos - ou até menos - é pressionada pelas cologuinhas, pela televisão, pela mídia, pelos meninos, por uma sociedade torta, enfim, a iniciar o quanto antes a sua vida sexual. Bombardeiam-na com um monte informações que ela nem sabe como usar. E ela sede. Tem sua primeira relação com um namoradinho qualquer; e fatalmente engravida aos 15 anos, troca a boneca pelo filho, embora ainda veja o filho como boneca. O ciclo se repete. E não estou retratando apenas as classes menos favorecidas, de baixa educação. Esse não é um problema de classe social. A diferença é que a classe média-alta tem condições de "resolver o problema".


Eu não sou contra o sexo, não sou contra a liberdade sexual. Eu acredito que essa é uma prática necessária, saudável e importante sim. Mas eu sou contra o pular etapas, eu sou contra a banalização dessa atividade e contra principalmente a sua prática inconsciente e inconsequente.

E não...Eu sou fruto de nenhuma pressão religiosa ou familiar. Muito pelo contrário, eu fui incentivada muitas vezes a agir diferente. E tenho amigas que me contam suas aventuras, me [im]pressionam. Já ouvi muita piadinha, e tudo mais. E só gostaria de deixar claro uma coisa: Não sou santa!

A minha postura é de alguém consciente e que respeita as próprias necessidades. De alguém que é virgem não por castidade nem por negligencia, só porque acha importante ter uma relação (sexual ou não) calcada no amor.

Li ou ouvi certa vez alguém dizer: "Sexo sem amor é o mesmo que masturbação".

Em tempos de imperalismo do gozo, preservar-se é revolucionar. E um dia ou outro, numa época ou n'outra, revolucionárias, todas nós seremos!


Foto: Chiquinha Gonzaga (compositora, pianista e regente brasileira).

Dica: Conheçam a história dessa mulher!


domingo, 17 de maio de 2009

Crise dos 23!!!


“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

[Guimarães Rosa]



Envelhecer. Juro que eu tento ver o lado positivo das coisas e encarar o aniversário com a naturalidade que convêm a todos. Mas invariavelmente eu sempre entro em crise nessa data.

Sim, é bem verdade que existe junto disso a alegria dos abraços, presentes, bons desejos e do bolo de chocolate que fazem desse dia tão especial. Os amigos, é sempre gostoso tê-los por perto também.

Mas eu não consigo deixar de me sentir uma idiota diante do bolo e sua vela faiscante, e todas aquelas pessoas (queridas) olhando pra mim como que esperando da minha parte alguma comoção pelo grande momento. Todos cantam e batem palmas enquanto eu em meus pensamentos caóticos e íntimos imagino: um a menos! um a menos!

Sim, a menos!

Pois se a expectativa média de vida do brasileiro é 80 anos, então se eu tenho 23 significa que agora (se eu tiver a sorte de sobreviver às balas perdidas, assaltos, violência, enchentes e raios) me restam apenas 57 anos. E uhuuuu eu devo soprar velinhas e comemorar a isso? Devo me sentir bem? Feliz?

Na verdade o que eu sinto é uma vontade tremenda de adiar para sempre essas 24h. Ou pelo menos não sair, ficar na minha caminha debaixo das cobertas, sem precisar participar dessa mobilização constrangedora que é a hora do parabéns. =/

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amar seus semelhantes

Eu não tenho nenhuma grande dificuldade em lhe dar e conviver com pessoas diferentes de mim. Creio até que posso me considerar alguém bastante tolerante, pois raramente me sinto incomodada a um ponto insuportável. Procuro resolver qualquer problema que surja com diálogo ou mesmo evitando conflitos.

Mas em se tratando de amor, aquele amor carnal nascente de duas pessoas, sabe? Bem, em se tratando desse tipo de amor, creio que as semelhanças são fundamentais. Não necessariamente a igualdade plena. Mas alguma afinidade é fundamental!

Como pode surgir o amor entre duas pessoas que olham para lados distintos?? Tudo bem pode ser que aconteça, mas não acho viável, pra mim especificamente. Eu tenho essa necessidade de entender o outro e ser compreendida, de um modo que não exija auto-explicações. De um modo que um olhar baste, um sinal, para que o outro entenda. Não espero alma gêmea, cara-metade, a metade da laranja. Mas alguém pra quem eu não precise justificar cada um de meus atos, pra quem eu não precise pedir desculpas por cada atitude incompreendida, e que não vá me encostar na parede por eu simplesmente ser eu, entende?

Então pensando nisso, refleti sobre essa coisa das pessoas me acharem muito exigente e no fato de eu estar sozinha agora. Será que o problema é meu? Será que eu tô querendo demais?

Bom, eu quero alguém pra conversar. Alguém que pergunte como foi o meu dia e esteja realmente interessado em ouvir. Que não vá bocejar ou se distrair com a TV enquanto eu estiver falando. Simplismente Porque eu sou dada a esses gestos mecânicos, me aborrecem. Alguém que não cultive fanatismos, nem por time, nem por carro, nem por política, nem por religião, nem por sexo*...nada que o faça dar mais atenção as coisas (banais) do que as pessoas, a nossa relação.

Eu sei que pode parecer um tanto egoísta essas minhas palavras, mas estou cansada de ser a pessoa substituta. Aquela que não é exatamente aquela, mas que vai se levando. Aquela que é importante mas não é a prioridade na vida de ninguém, é no máximo a terceira ou com sorte a segunda na lista das pessoas mais importantes.

Tudo bem, ser importante não é estar junto 24H e esquecer o resto do mundo. Não é furtar o outro para si e privá-lo de ter sua vida própria. Ser importante é, no mínimo, ser a primeira pra quem você dá uma boa notícia, a primeira pra quem você liga e com quem você pensa em comemorar a tal boa notícia. E não só a primeira pra quem você corre para chorar suas mágoas. Porque nessas horas, quando você não tem a sua volta aqueles 300 "amigos" que acumula no orkut, nessas horas é muito fácil lembrar-se da pessoa substituta. Aquela que comodamente sempre esteve ali, disponível pra você.

Eu quero alguém de hábitos simples, que curta passeios despretensiosos como: andar de bicicleta, caminhar na beira da praia, ouvir o som do mar, vigiar o céu, passear com o cachorro, sentar na grama debaixo de uma árvore e olhar a vida acontecendo ao redor, tomar sorvete, segurar a mão, sentar no banco da praça e conversar. Dividir o mesmo fone de ouvido e compartilhar músicas, ouvir o que o outro gosta, ser apresentado a novas bandas e descobrir muitas vezes que gostam das mesmas coisas. Ou aprender a gostar daquela banda e daquela música que ele te apresentou simplesmente porque elas trazem a lembrança dele.

Alguém que chegue numa tarde de domingo trazendo sorrisos, e quem sabe um chocolate no bolso. E na hora do café vá a padaria e não se importe de esperar mais 5 minutos pelo pão quentinho. Que se permita o prazer de furtar do saco o pão ainda quentinho, e comer pelo caminho sem vergonha de sujar a blusa com farelo. Desprendido. Alguém para dividir a xícara de café. Que queira também dividir a vida, e cuja brutalidade se restrinja a brigar pelo última colher de brigadeiro. Rs..

Que além de conversar e passear tenha projetos, sonhos. Que seja um entusiasta da vida, e traga em si aquela formiguinha que não nos permite acomodar que faz a gente buscar o melhor da vida e de si próprio. Capaz de agir, de sonhar e agir pelo sonho. Que se preocupe em fazer o bem, que pense também no outro, no coletivo...

Que tenha humor, sarcasmo, inteligência, sensibilidade na medida do bom senso...

Porque todo o resto é aparência. São aquele carteado de efeitos, capazes de despertar o encantamento: Cheiro, olhar, tato...

Eu quero um ser comum, humano, com defeitos e limitações. Mas que não permita ao meu coração ficar imune. É demais?


*Sexo: Não é que não seja importante, só não entendo essas pessoas que baseam sua relação num ato sexual. Pra mim é mais além, entende?

Dica: o filme Elizabethtown.

sábado, 25 de abril de 2009

Entre Parentes(es)

Nesse feriado de Tiradentes (21 de abril) fui ao aniversário de 80 anos de um tio distante. Lá, encontrei uma boa porcentagem de parentes ainda mais distantes, alguns aos quais não via há tempos. Tios (as), primos (as), esposos (as) de seus respectivos.

Isso me fez refletir sobre: como a vida nos leva a esse distanciamento?

Um dia essas mesmas pessoas estiveram tão próximas, tão íntimas, tão ligadas, e agora só o que as une é um detalhe no nome, um vestígio no sangue, um cantinho na memória, um pedaço na história.

Esse é o ciclo da vida, não é?

As pessoas casam, têm filhos, trabalham, viajam, tomam seus rumos...E ficam a mercê de acontecimentos simbólicos como esse para se reencontrarem com o seu passado, sua origem.

Muito estranho pensar que aqueles “estranhos” são minha “família”, meus parentes. E passar pelo habitual exame de: “Essa é de quem?”, “Faz o que?”, “Quantos anos tem?”, “Casou?”, “Tem filhos?”.

Muito estranho!

Pensei se não seria mais fácil se família se resumisse em pai, mãe, irmãos, avós e um ou outro tio e primos mais chegados. Mas trata-se de um ciclo, a família cresce e o circulo vai se alargando. É assim! =/

Eu já não vejo o meu irmão cotidianamente desde que ele saiu de casa e casou. Curiosamente nos encontramos mais nos ensaios do Salgueiro (onde anualmente ele é compositor concorrente com o samba 18) do que em outra situação qualquer.

Tenho agora uma priminha nova, filha do meu primo, que só vejo em datas específicas como a Páscoa. E ela vai crescendo sem que eu perceba.

Esse ano uma de minhas tias resolveu mudar-se da casa da minha avó, e leva consigo dois dos meus primos com os quais cresci e brinquei na infância. Se já era difícil antes, sei que com a mudança tão repentina não nos veremos mais ainda.

Dificilmente estamos todos reunidos.

Há que se esperar outra data simbólica, para trocarmos risos, idéias, lembranças outra vez.

Ok, vem aí o dia das mães!

Em definitivo, ficamos cada dia mais velhos, mais tolos, mais distantes.

Bem cantava Elis:

Nada Será Como Antes – Bituca / Ronaldo Bastos

Eu já estou com o pé na estrada

Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

domingo, 19 de abril de 2009

Rabo de Lagartixa...


Eu grito baixo, estouro sutilmente, brigo mansamente, quebro e me refaço...Como o rabo da lagartixa que se regenera, mesmo depois de esmurrado.

Eis que estou de pé novamente, renovada de esperança, cheia de fé e alegria. Ainda não me sinto plena, mas os dias estão mais leves. Eu estou mais leve agora.

E amanhã?

Nunca se sabe, aguardo a vida me dizer o que será.

Chico:

O que será (A flor a Terra) – Chico e Bituca

O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos?
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...

O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...