Eu não tenho nenhuma grande dificuldade em lhe dar e conviver com pessoas diferentes de mim. Creio até que posso me considerar alguém bastante tolerante, pois raramente me sinto incomodada a um ponto insuportável. Procuro resolver qualquer problema que surja com diálogo ou mesmo evitando conflitos.
Mas em se tratando de amor, aquele amor carnal nascente de duas pessoas, sabe? Bem, em se tratando desse tipo de amor, creio que as semelhanças são fundamentais. Não necessariamente a igualdade plena. Mas alguma afinidade é fundamental!
Como pode surgir o amor entre duas pessoas que olham para lados distintos?? Tudo bem pode ser que aconteça, mas não acho viável, pra mim especificamente. Eu tenho essa necessidade de entender o outro e ser compreendida, de um modo que não exija auto-explicações. De um modo que um olhar baste, um sinal, para que o outro entenda. Não espero alma gêmea, cara-metade, a metade da laranja. Mas alguém pra quem eu não precise justificar cada um de meus atos, pra quem eu não precise pedir desculpas por cada atitude incompreendida, e que não vá me encostar na parede por eu simplesmente ser eu, entende?
Então pensando nisso, refleti sobre essa coisa das pessoas me acharem muito exigente e no fato de eu estar sozinha agora. Será que o problema é meu? Será que eu tô querendo demais?
Eu sei que pode parecer um tanto egoísta essas minhas palavras, mas estou cansada de ser a pessoa substituta. Aquela que não é exatamente aquela, mas que vai se levando. Aquela que é importante mas não é a prioridade na vida de ninguém, é no máximo a terceira ou com sorte a segunda na lista das pessoas mais importantes.
Tudo bem, ser importante não é estar junto 24H e esquecer o resto do mundo. Não é furtar o outro para si e privá-lo de ter sua vida própria. Ser importante é, no mínimo, ser a primeira pra quem você dá uma boa notícia, a primeira pra quem você liga e com quem você pensa em comemorar a tal boa notícia. E não só a primeira pra quem você corre para chorar suas mágoas. Porque nessas horas, quando você não tem a sua volta aqueles 300 "amigos" que acumula no orkut, nessas horas é muito fácil lembrar-se da pessoa substituta. Aquela que comodamente sempre esteve ali, disponível pra você.
Alguém que chegue numa tarde de domingo trazendo sorrisos, e quem sabe um chocolate no bolso. E na hora do café vá a padaria e não se importe de esperar mais 5 minutos pelo pão quentinho. Que se permita o prazer de furtar do saco o pão ainda quentinho, e comer pelo caminho sem vergonha de sujar a blusa com farelo. Desprendido. Alguém para dividir a xícara de café. Que queira também dividir a vida, e cuja brutalidade se restrinja a brigar pelo última colher de brigadeiro. Rs..
Porque todo o resto é aparência. São aquele carteado de efeitos, capazes de despertar o encantamento: Cheiro, olhar, tato...
Eu quero um ser comum, humano, com defeitos e limitações. Mas que não permita ao meu coração ficar imune. É demais?
*Sexo: Não é que não seja importante, só não entendo essas pessoas que baseam sua relação num ato sexual. Pra mim é mais além, entende?
Dica: o filme Elizabethtown.
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