“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
[Guimarães Rosa]
Envelhecer. Juro que eu tento ver o lado positivo das coisas e encarar o aniversário com a naturalidade que convêm a todos. Mas invariavelmente eu sempre entro em crise nessa data.
Sim, é bem verdade que existe junto disso a alegria dos abraços, presentes, bons desejos e do bolo de chocolate que fazem desse dia tão especial. Os amigos, é sempre gostoso tê-los por perto também.
Mas eu não consigo deixar de me sentir uma idiota diante do bolo e sua vela faiscante, e todas aquelas pessoas (queridas) olhando pra mim como que esperando da minha parte alguma comoção pelo grande momento. Todos cantam e batem palmas enquanto eu em meus pensamentos caóticos e íntimos imagino: um a menos! um a menos!
Sim, a menos!
Pois se a expectativa média de vida do brasileiro é 80 anos, então se eu tenho 23 significa que agora (se eu tiver a sorte de sobreviver às balas perdidas, assaltos, violência, enchentes e raios) me restam apenas 57 anos. E uhuuuu eu devo soprar velinhas e comemorar a isso? Devo me sentir bem? Feliz?
Na verdade o que eu sinto é uma vontade tremenda de adiar para sempre essas 24h. Ou pelo menos não sair, ficar na minha caminha debaixo das cobertas, sem precisar participar dessa mobilização constrangedora que é a hora do parabéns. =/
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