quarta-feira, 15 de abril de 2009

d' Pressão!

Descobri que tenho bruxismo.

E descobri também que, uma ora ou outra, tudo aquilo que você guarda do mundo vem à tona. Como uma rolha no oceano.

O corpo humano é uma máquina fantástica, e Deus (ou quem quer que tenha nos criado) não deixa falhas. Nós é que deixamos!

Sabe aquele “sapo” que você considerou melhor engolir? Sabe aquele sapato apertado que você continua a usar? Sabe aquele desaforo que você levou pra casa? Em prol da paz na terra, da harmonia entre os homens, e do bem no mundo... Sinto lhe informar, querido (a), mas os seus sacrifícios têm um preço alto!

Saiba: tudo aquilo que você achou por bem guardar para si esse tempo todo, transformar-se há (um dia) no seu próprio dragão. E quando você menos esperar, perceberá que há um câncer a lhe corroer por dentro.

E agora grite: Viva aos questionamentos! Viva aos pratos limpos!

Grite!

Estou a ponto de um colapso! Estou a ponto de explodir com o mundo!

Tomada por uma insatisfação que a minha razão maquia falsamente em tons pastéis, como sendo um simples cansaço ou tédio juvenil. Mas a minha emoção sabe perfeitamente que não é. Antes fosse.

Maldita consciência a minha, que já não me permite dormir sem sobressaltos, sem desconforto, sem angustia. Acordar é um martírio cada vez maior...

Mas a minha razão em tons pastéis, em eterna vigilância, sopra mansamente em meus ouvidos: - Não é nada. Você não tem do que reclamar!

Eu realmente não devia reclamar. Eu tenho família, dois ou três amigos de confiança(?), teto para dormir, arroz e feijão no prato. Estou estudando, conhecendo gente, aprendendo coisas...Que mais se há de querer? A vida é boa pra mim...

Tudo estaria tão bem, não fosse aquele câncer. Aquele câncer a me corroer por dentro, que ainda me fazia trincar e ranger os dentes a noite.

Uma fadiga do mundo e sua falsidade, uma raiva da gente e sua demência, um temor do tempo e sua inconstância...Uma puta insatisfação com o que está! Com o modo como as coisas são (ou estão).

Descobri-me intolerante à vida desse modo. Incompreensível a meias verdades, meios sentimentos, meias palavras. Descobri-me inata ao papel secundário nas tramas da vida. Não suporto mais o razoável, o mediano. Esse + ou - que não se define.

Eu quero as cores de Almodovar em mim! Eu quero...

Eu ainda não sei exatamente o que eu quero, mas estou tão certa do que me sufoca e preciso extirpar de mim...

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